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HISTÓRIA DO AVESSO (DE UM RIO DE ÁGUA VAZIO)


Para aqui sentado na paragem
Olhos à chuva deles mesmos
Olhos nas vigias das ruas e vielas
Inventando a miragem dos teus
Reflectida na janela dos meus
Tempestade à espreita na cidade
Cabeças no ar, olhos no chão
Uma rua gasta da idade
Uma pedra que salta do caminho
Uma pedra na rua da cidade
E alguém que caminha sozinho
Lágrimas que correm para o rio
Um rio de água vazio
Um barco em seco sem vento
Um grito feito lamento
Um homem de água sedento
E um rio de água vazio
Uma mulher a tremer de frio
E uma capa a voar ao vento
Um homem que olha o advento
De um rio de água vazio
Uma criança que choras os pais
Pais sem filhos nem rio
O barco sem porto nem cais
E um rio de água vazio
Um pintor que pinta sem quadro
Um quadro sem pintor ao vento
Um pintor que pinta ao frio
Um rio da água vazio
Um amor que esvoaça o equador das ideias
O sangue que salta das artérias
Um corpo que encolhe com o frio
Num rio de água vazio
Foto: Não me negues o teu amor - Raul Cordeiro (olhares.aeiou.pt)

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